Graciliano Ramos
“Os dados biográficos é que
não posso arranjar, porque não tenho biografia. Nunca fui literato, até pouco
tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior
de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como
coisas aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão. Depois que redigi esses
infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não me deixar em paz.
Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital,
coisas piores e três romances fabricados em situações horríveis – Caetés,
publicado em 1933, S. Bernardo, em 1934, e Angústia, em 1936. Evidentemente,
isso não dá uma biografia. Que hei de fazer? Eu devia enfeitar-me com algumas
mentiras, mas talvez seja melhor deixá-las para romances.”
Trecho de carta enviada em nov.1937 por Graciliano a Raúl
Navarro, tradutor argentino, para ser anexado a um conto em vias de publicação
em Buenos Aires IN: Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus
tradutores argentinos Benjamín de Garay e Raúl Navarro, p. 123, EDUFBA,
2008
Download do livro: Vidas Secas
Vidas Secas - Filme
Lançamento: 4 de maio de
1964 (1h43min)
Direção: Nelson
Pereira dos Santos
Com: Atila Iorio, Maria Ribeiro
(II), Orlando Macedo
Gênero: Drama
Em 1941, pressionados pela seca, uma família de
retirantes composta por Fabiano, Sinhá Vitória,
o menino mais velho, o menino
mais novo e a cachorra Baleia, atravessa o sertão em busca de meios
para
sobreviver. Seguindo um rio seco, eles chegam a um casebre abandonado nas
terras do fazendeiro
Miguel, quando em seguida há uma chuva. Com a recuperação
dos pastos, o proprietário retorna com o
gado, e a princípio os repele, mas
Fabiano diz que é vaqueiro e que a família pode ajudar em vários
serviços,
então são aceitos. A família tem esperança de prosperar, Sinhá Vitória sonha
com uma cama
com colchão de couro e Fabiano em ter seu próprio gado. Mas, ao
final do primeiro ano de muito trabalho
e dificuldades, perceberão que apesar
de tudo, a miséria da família persiste e nova seca está para
assolar novamente
o sertão.
|
---|